PROCURANDO O CAMINHO

sábado, 9 de outubro de 2010

Mais de 100 lts de leite materno

Última atualização, 08/10/2010 - 23h16


Mulher doa mais de cem litros de leite materno em SP; metodologia brasileira é usada em 26 países

cidades@eband.com.br

Os mais de cem litros de leite doados ao Banco de Leite da maternidade estadual Leonor Mendes de Barros, em São Paulo, renderam à dona de casa Gildilene Lopes Andrade dos Santos, 31 anos, o título de maior doadora de leite humano do local. Para comemorar e agradecer o feito, ela foi homenageada no último dia 5 deste mês, em comemoração ao Dia Nacional da Doação de Leite Humano, celebrado em 1º de outubro.
Para Gildilene, esse reconhecimento foi muito gratificante. “Eu não tenho nem palavras para descrever esta homenagem. Fiquei muito feliz em conhecer outras mães e ver os bebês se recuperando. Poder ver cada rostinho daquele e saber que ajudei”, disse, bastante emocionada.
Moradora da Cidade Tiradentes, Gildilene é mãe de uma menina de dez anos e um bebê de um ano. Poucos meses antes do parto de seu segundo filho, ela teve “um despertar, uma vontade de doar”. De acordo com a dona de casa, o marido ainda teve receio de que o leite não fosse suficiente para alimentar seu filho, mas ela encarou o desafio e agora afirma com orgulho: “quanto mais eu doava, mais eu tinha leite”.



Benefícios para mulher e para o bebê
A quantidade doada pela dona de casa foi, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, suficiente para alimentar aproximadamente 350 crianças durante um mês. Para Gildilene, o segredo para é uma boa alimentação e evitar o estresse. “Quando ficava nervosa, não conseguia aproveitar muito leite. Manter a calma é fundamental”, aconselha.
De acordo com a coordenadora da rede estadual dos bancos de leite de São Paulo, Maria José Guardia Mattar, a doação faz bem a diversas pessoas. “Além de auxiliar as crianças que precisam, o ato beneficia também a mãe doadora, que perde peso mais rapidamente, reduz o risco de câncer de mama e ovários e de osteoporose”, explica.
Em todo o país, há mais exemplos como Gildilene. De acordo com a com a Rede Brasileira de Bancos Humanos da Fiocruz, em todo o país, entre janeiro e o início de outubro deste ano, mais de 95 mil litros foram doados, por 89.736 mulheres, que ajudaram na recuperação de 88.933 bebês. Apesar de os números parecerem altos, é importante que cada vez mais mulheres doem para suprir as demandas em todo o país.



Referência mundial
Em São Paulo, por exemplo, são coletadosem média 1,5 mil litros de leite por mês, o que ainda não é suficiente para atender todos os pacientes. “O ideal seria quase o dobro dessa quantidade”, diz a Secretaria Estadual de Saúde.
Mas, se falta doação, sobra tecnologia no país. Segundo a Fiocruz, o Brasil é um exemplo mundial no que se refere à metodologia utilizada nos bancos de leite humano.
O engenheiro de alimentos João Aprigio Guerra de Almeida, coordenador da RedeBLH (Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano) e chefe do Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite Humano do Brasil, explica que os bancos criados no país constituem hoje estratégia internacional para erradicar a mortalidade infantil, com ênfase na preservação da vida e da saúde de bebês.

Redução da mortalidade infantil
“Desde 1985 entendemos os bancos de leite humano, criados na década de 1940, como estratégia de saúde pública para a redução da mortalidade infantil – que faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Os ótimos resultados expandiram a metodologia para outros países e, em 2009, atendemos 170 mil bebês e 1,4 milhões mulheres com dificuldades de amamentação em todo o mundo”, resume Almeida.
O método brasileiro - que inclui recomendações de higiene, processos de seleção, classificação e pasteurização, entre outros - utilizado no Brasil é exemplo de qualidade e essa técnica é seguida hoje por 26 países. Ainda segundo a Fiocruz, a metodologia já começa a ser levada para a África.
O engenheiro de alimentos conta também que a iniciativa é dedicada especialmente ao segmento de recém-nascidos internados em unidades hospitalares que precisam de cuidados neonatais especiais. “São crianças muito vulneráveis, que nasceram antes do tempo. O aleitamento materno é fundamental para compensar a imaturidade imunológica e a debilidade orgânica desses bebês”, alerta.



Doações
Para que os bancos de leite humano funcionem, é essencial a participação de mães em fase de amamentação. Muitas mulheres têm excesso de leite e podem doar este alimento. De acordo com o engenheiro, para se tornar doadora, além de ter excesso de leite, é preciso estar bem de saúde, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a oferecer o excedente.
“O procedimento de ordenha é simples. O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias”, o pesquisador ensina e ressalta que é importante ter atenção às recomendações de higiene para garantir a qualidade do alimento. Depois de passar por processos de seleção, classificação e pasteurização, o leite humano doado é distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades neonatais.
Em todo o país há bancos de leite preparados para receber e até mesmo retirar as doações nas casas das mães. No site da RedeBHL é possível conhecer esses locais de doação e também as técnicas para a retirada.
No Brasil a recomendação é de que o aleitamento materno seja fonte de alimentação exclusiva até os seis meses de idade. O leite humano ajuda a formação do sistema imunológico, prevenção de infecções e doenças diarreicas, além do desenvolvimento cognitivo da criança.

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